Já ouviu o termo BIM? Sabe o que significa? Building Information Modeling (BIM) traduz-se como Modelagem de Informação da Construção e é um conjunto de tecnologias, processos e políticas que permite que várias áreas de atuação possam, de maneira colaborativa, projetar, construir e operar uma edificação ou instalação. A Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic) debate sobre essa ferramenta desde 2010, incluindo-a em novos empreendimentos a partir de 2015 e informa que o Decreto nº 10.306, de 2 de abril de 2020, estabelece a utilização da tecnologia na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizada por instituições públicas federais de forma gradual, obedecendo três fases que passam pelos anos de 2021, 2024 e 2028, sendo este último o prazo final para a plena utilização do BIM em todo o ciclo de vida do empreendimento.
De forma simples pode-se dizer que BIM é um processo de desenvolvimento de um modelo digital de um empreendimento, uma tecnologia que acompanha a obra em todo o seu ciclo de vida (antes, durante e depois da construção) e que consegue prever problemas com mais facilidade, já que é um instrumento de gestão das informações, fluxos de trabalhos e procedimentos. “Outro ponto positivo é a multidisciplinaridade dos profissionais atuando com as ferramentas num único modelo, o que aperfeiçoa a comunicação”, comenta Silvia Araujo, arquiteta, servidora da Cogic e Doutora em Engenharia Civil, pela UFF
Silvia cita o autor Sergio Leusin, em sua publicação Gerenciamento e Coordenação de Projetos BIM, para reforçar que o uso dessa tecnologia abrange diversos benefícios gerais como: maior produtividade das equipes que pode chegar de 25% a 50%, redução de prazos de serviços podendo chegar a 25%, redução de revisões/retrabalho e possibilidade de novas apresentações do trabalho em animações walkthrough, além de experiências de realidade virtual para melhor entendimento do empreendimento. Já no processo de obra há outras vantagens a serem ressaltadas, que são: redução de 5% nos prazos e nos custos de obra, aumento da produtividade da mão de obra no canteiro, em especial a de controle e gestão da obra e melhoria da qualidade dos projetos.
O que diferencia o BIM da maneira atual de projetar é que o projetista deixa de usar apenas linhas em 2D e passa a ter objetos e parâmetros bem definidos, com 3D e informações de acabamentos, dimensões e localização exata de cada estrutura. Além disso, a ferramenta pode se referir a quantidades de insumos, mão de obra utilizada, quantitativos de materiais e seus custos, apoiando o orçamento e o planejamento da obra.
A aplicação do BIM no Brasil e na Fiocruz
O Decreto nº 10.306, de 2 de abril de 2020, estabelece a utilização do Building Information Modeling na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizados pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal, no âmbito da Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modeling – Estratégia BIM BR, instituída pelo Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019.
Segundo o Decreto de 2020, a implementação da tecnologia ocorrerá de forma gradual, obedecendo três fases, passando pelos anos de 2021, 2024 e 2028. A partir de 2021, ele deve ser utilizado no desenvolvimento de projetos de arquitetura e engenharia, referentes a construções novas, ampliações ou reabilitações. Em 2024, será incluído o uso no orçamento, planejamento, controle da execução da obra e atualização de informações pós-construção. Já na terceira fase, a partir de 2028, as instituições deverão utilizar o BIM nos usos previstos nas duas primeiras fases e, também, no gerenciamento e manutenção do empreendimento após a construção.
Na Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic), as primeiras capacitações na metodologia BIM foram iniciadas no ano de 2010. Em 2015, o desenvolvimento de projetos para grandes empreendimentos da Fiocruz foi contratado em BIM e houve uma intensificação no treinamento de profissionais da unidade. No ano seguinte, algumas oficinas foram promovidas para fortalecer o compartilhamento de informações de gestão de infraestrutura. Desde então, a Cogic continua promovendo capacitação dos profissionais e envolvendo-os em novos empreendimentos e contratos em andamento, como os de as built de edificações no Campus Manguinhos, de planejamento para a gestão de facilities (Plano de Diretrizes Tecnológicas para a Gestão de Ativos de Infraestrutura), do Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 e do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS). Todos esses projetos contribuem para a implantação do BIM na Fundação.
A utilização do BIM na manutenção preventiva e corretiva
Como mencionado, a metodologia BIM permeia todo o ciclo de vida da edificação e com isso, chega ao processo de gestão da infraestrutura (manutenção). No modelo BIM constam
todos os dados relativos a espaços, compartimentos, acabamentos e equipamentos instalados na construção, bem como as informações necessárias para a operação e manutenção e, com isso, sua utilização pode resultar em redução entre 3% e 6% nos custos de contrato de manutenção. As atividades se tornam mais precisas, com menor tempo de resposta e menores custos de energia, água e outros insumos.
A disponibilização e organização dos dados técnicos atualizados facilita as inevitáveis reformas e adaptações durante a vida útil da edificação, sendo útil também em possíveis demolições, reuso ou recomissionamento de edificações, além de trazer outros benefícios como melhor gestão dos sistemas de condicionamento de ar, menos paradas para manutenção não planejada e a extensão da vida útil de equipamentos, entre outros.